Histórico

Introdução

Em agosto/2011 o Departamento de Matemática (DM) completou cinquenta anos de existência. Nesta página, procuramos resgatar fatos importantes que ocorreram nas suas cinco décadas.

Podemos destacar as seguintes fases na História do Departamento de Matemática:

  • 1a fase - de agosto/1961 a dezembro/1966 - inicialmente vinculado à Escola de Engenharia, depois ao Instituto Central de Matemática. Funcionava no centro de João Pessoa. 
 
  • 2a fase - de janeiro/1967 a dezembro/1975 - inicialmente vinculado ao Instituto Central de Matemática, depois ao Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN). Funcionava na Central de Aulas do atual Campus Universitário. 
 
  • 3a fase - a partir de 1976 quando passou a ocupar a sede atual, vinculado ao CCEN. 

Muito antes do CCEN, antes do DM, antes da UFPB

No final dos anos 50, o que poderia ser chamado de ensino superior de Matemática era ministrado na Paraíba pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Naquela época a universidade era estadual.

 

Eram ministrados pelo professor Francisco Xavier Sobrinho (Agrônomo e Licenciado em Matemática) cursos de Análise Matemática e de Análise Superior, pelo professor José Neutel Correia Lima (Engenheiro Civil) cursos de Geometria Analítica, pelo professor Serafim Rodriguez Martinez (Engenheiro Civil) cursos de Geometria Superior e de Geometria Projetiva e pelo professor Hélio Ferreira da Silva Guimarães (Engenheiro Civil e Industrial) cursos de Mecânica Celeste e de Mecânica Racional.

Podia-se notar preocupação por parte dos dirigentes da época no que se refere a um aumento na oferta de cursos. De acordo com o Diretor da Faculdade, era de "grande interesse para a juventude universitária paraibana o estudo da Física e da Matemática, quer como preparação para outros estudos, quer como capacitação de cursos antes frequentados".

No parecer de um processo podia-se ler o seguinte: "Pelo que ficou exposto, verifica-se que pode ser concedida autorização para o funcionamento dos cursos de Física e Matemática da Faculdade de Filosofia da Universidade da Paraíba, devendo esta providenciar o restabelecimento das cadeiras de Física Matemática e Geometria Projetiva, ambas na 3a série, respectivamente, dos cursos de Física e Matemática, de acordo com o Regimento Interno antes aprovado por este Conselho e dispositivos legais que declaram tais cadeiras como obrigatórias nos respectivos currículos. É o nosso parecer. Sala das Sessões, 30 de maio de 1960." 

Na Escola de Engenharia

A Escola de Engenharia da Universidade da Paraíba foi fundada em 11/dezembro/1952. Com sede no centro de João Pessoa, à Praça Rio Branco S/N, um local relacionado com a História da Paraíba e que no início do século XVIII foi o Paço do Senado da Câmara.

 

Após a federalização da Universidade em dezembro/1960, foi criado nessa Escola o Departamento de Matemática em agosto/1961.

O primeiro livro de atas de reuniões do Departamento inicia com o seguinte: "Termo de Abertura. Servirá o presente livro, que contém 50 folhas tipograficamente numeradas, para ATAS de sessões do Departamento de Matemática da Escola de Engenharia da Universidade da Paraíba, situada à Praça Rio Branco S/N, nesta Capital. João Pessoa, 11 de agosto de 1961. Lenira Maia - Secretária. Serafim Rodriguez Martinez - Diretor."

Assim inicia a 1a ata da 1a reunião de professores do Departamento de Matemática: "Aos quatorze (14) dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e sessenta e um (1961), nesta Escola de Engenharia da Universidade da Paraíba, reuniu-se o Departamento de Matemática, constituído das seguintes cadeiras e seus respectivos Professores: Cálculo Infinitesimal - Prof. José Neutel Correia Lima; Complementos de Matemática - Prof. Hélio Ferreira da Silva Guimarães; Geometria Analílica e Vectorial - Prof. Benigno Waller Barcia. Com a presença de todos os Professores que compõem o mesmo Departamento, foi aberta a sessão, tendo o Prof. Correia Lima lido os arts. 44 e 47, seus parágrafos únicos do Estatuto da Universidade da Paraíba. Foi então escolhido Chefe do Departamento o Prof. Benigno Waller Barcia, da cadeira Geometria Analítica".

Nos primeiros anos de existência, as reuniõs de Departamento que foram registradas em atas, foram muito esporádicas. A 2a só veio a ocorrer quase 5 anos depois, para eleger o segundo chefe do Departamento, o prof. Kléber Cruz Marques. A 3a ocorreu no dia 3/março/1966 e nela já foi registrado o nome do Instituto Central de Matemática, criado alguns meses antes.

O Instituto Central de Matemática

Instituto Central de Matemática da Universidade Federal da Paraíba (ICEMUP) foi criado pelo Magnífico Reitor Prof. Guilardo Martins Alves, mediante Resolução no 15 de 5 de março de 1965. Foi reconhecido pelo Governo Federal em junho do mesmo ano.

 

Ao ICEMUP estavam vinculadas as cadeiras de Matemática da Escola de Engenharia e da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPB. Seu objetivo era coordenar e unificar o ensino e a pesquisa nos domínios da Matemática Pura e Aplicada, colaborando na formação do pessoal docente nessas áreas. Mantinha-se com dotação orçamentária da UFPB e com doações da CADES, CAPES, FORD e SUDENE.

Inicialmente, o ICEMUP estava instalado numa pequena sala de 3,20 m2, numa das dependências da Escola de Engenharia. Nessa sala funcionavam uma biblioteca (cerca de 750 volumes entre livros e periódicos) e o setor administrativo. Como fruto de mútua cooperação, dispunha de todas as salas de aula da EEUP cedida-lhes pela direção daquela Escola e onde tornou-se possível a realização das diversas atividades no horário pós-meridiano.

A instalação oficial do ICEMUP teve lugar em sua sede provisória no dia 3 de maio de 1965. Naquela ocasião o renomado matemático alemão Otto Endler (da Universidade de Bonn, professor visitante do IMPA no Rio de Janeiro) proferiu uma conferência intitulada "A Origem da Álgebra Moderna" na solenidade de inauguração. "É uma grande satisfação para mim, que a minha modesta palestra tenha sido escolhida como aula inaugural do Instituto Central de Matemática da Universidade da Paraíba. A fundação deste Instituto marca um importante passo no desenvolvimento do ensino e das pesquisas matemáticas neste estado do Brasil. No mundo inteiro cresce, dia a dia, a compreensão de que a Matemática, como ciência básica, representa um papel importantíssimo na sociedade moderna e um fator fundamental no desenvolvimento econômico" . Foi assim que iniciou a palestra do prof. Endler.

Em 1966, o ICEMUP era formado pelos seguintes professores:

  • Kléber Cruz Marques (Diretor)
  • José Neutel Correia Lima
  • Benigno Waller Barcia
  • Hélio Ferreira da Silva Guimarães
  • Hermano José da Silveira Farias
  • Fernando de Souza Duarte
  • Augusto José Maurício Wanderley
  • Sálvio Melo Viana

mais dois monitores e dois acadêmicos que eram professores do Colégio Universitário. A equipe administrativa contava com 5 funcionários.

Em 1966, o ICEMUP atendia a um total de 333 alunos assim distribuídos:

  • Cursos de Engenharia Civil e Mecânica, 1o ano: 105 alunos
  • Engenharia Civil, 2o ano: 28 alunos
  • Faculdade de Ciências Econômicas, 1o ano: 40 alunos
  • Faculdade de Ciências Econômicas, 2o ano: 30 alunos
  • Colégio Universitário: 130 alunos

Em 1966 o ICEMUP já promovia cursos extracurriculares, seminários estágios e conferências, dentre os quais destacamos aqui alguns deles:

  • Cursos realizados:
    • Curso de Funções Reais
      • Prof. Adilson Gonçalves (IMPA)
      • Período: janeiro/fevereiro, 1966
      • Matrícula: 13 alunos
      • Patrocínio: CAPES/FORD
    • Curso de Álgebra Linear
    • Prof. Luiz Adauto da Justa Medeiros (IMPA)
    • Período: janeiro/fevereiro, 1966
    • Matrícula: 13 alunos
    • Patrocínio: CAPES/FORD
    • Prof. Leônidas Hegenberg (ITA)
    • Período: junho, 1966
    • Matrícula: 37 alunos
    • Patrocínio: ICEMUP
    • Profa. Renate G. Watanabe, Profa. Lucília Bechara
    • Período: julho, 1966
    • Matrícula: 23 alunos
    • Patrocínio: CADES/ICEMUP
    • Prof. Luiz Adauto da Justa Medeiros (IMPA)
    • Período: julho, 1966
    • Matrícula: 51 alunos
    • Patrocínio: CADES/FORD/ICEMUP
    • Prof. Aragão de Carvalho Backx (IMPA)
    • Período: julho, 1966
    • Matrícula: 64 alunos
    • Patrocínio: CADES/FORD/ICEMUP
    • Curso de Lógica Matemática
    • Curso de Matemática Moderna Para o Ensino Secundário
    • Curso de Funções de Variáveis Complexas I
    • Curso de Estruturas Algébricas
  • Conferências:
  • Topologia para o Ensino Secundário
    • Prof. Antônio Rodrigues (UFRGS)
    • Período: junho, 1966
  • A Matemática e suas recentes aplicações na Economia
  • Prof. Leônidas Hegenberg (ITA)
  • Período: junho, 1966
  • Prof. Luiz Adauto da Justa Medeiros (IMPA)
  • Período: julho, 1966
  • Profa. Maria Madalena L. Garcia (Liceu Rainha Sta. Isabel, Portugal)
  • Período: julho, 1966
  • Uma sugestão para o ensino das progressões na Escola Média
  • Alguns dados sobre uma experiência portuguesa de modernização da Matemática

Idealistas e sonhadores, os professores do ICEMUP em 1966 já mencionavam a criação dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Matemática.

O prof. Kleber encerrou o Relatório de Atividades de 1966 com os seguintes dizeres: "Concluímos este relatório com a consciência tranqüila do dever cumprido. Ele é o espelho do quanto nos foi possível realizar; bem longe está, entretanto, daquilo que sonhávamos e pretendíamos fazer. Aí está ele, fruto patente das nossas limitações humanas e nordestinas. Um imperioso dever nos cumpre, e o fazemos com satisfação, agradecer a todos que por sua ajuda nos proporcionaram o ensejo do serviço prestado."

A transferência para a Cidade Universitária

No dia 9 de janeiro de 1967 o ICEMUP transferiu-se do centro da cidade para sua sede própria, nas "modernas instalações situadas na Cidade Universitária da UFPB", numa área total de 4500 m2.

Inicialmente, ocupando apenas dois de um total de sete blocos. Neles estavam localizados: cinco salas de aula com capacidade para 40 alunos cada, duas salas de Seminários e de reuniões do Departamento e doze ambientes para professores.

A primeira atividade na nova e moderna sede foi a instalação dos Cursos de Férias de 1967, solenidade que contou com a presença do Reitor, do ex-Reitor e de diretores de colégios.

Entre as atividades realizadas no ICEMUP em 1967 destacamos os seguintes cursos:

  • Curso de Álgebra Linear e Multilinear
    • Prof. Leo Amaral (ITA)
    • Período: 9 de janeiro a 3 de fevereiro de 1967
    • Horário: 7,30 às 9,30 horas - diariamente
    • Ementa: Espaços vetoriais de dimensão finita, Espaços afins, coordenadas cartesianas, espaço dual, funções multilineares, tensores, variedade, variedades riemannianas, conexões, curvatura de uma superfície, equações de estruturas
  • Curso de Métodos de Análise Real
  • Prof. Silvio Machado (IMPA)
  • Período: janeiro/fevereiro, 1967
  • Horário: 10 às 11:30 horas
  • Ementa: Conjuntos, funções, números reais, sucessões e séries de números reais, limite em espaços métricos, continuidade, integral de Riemann e de Riemann-Stiltjes, estudo das transformações no Rn, funções diferenciáveis.
  • Profs. Leônidas Hegenberg (ITA), Ruy Madsen Barbosa (FFCLA, SP), Antônio Espada Filho (FFCLA, SP), Irineu Bicudo (FFCLA, SP).
  • Período: janeiro/fevereiro, 1967
  • Horário: 8 às 12 h, 14 às 18 h.
  • Ementa: Introdução à Lógica Matemática, lógica simbólica, álgebra, aritmética teórica, combinatória e probabilidade, Geometria Analítica moderna, Teoria dos Conjuntos, matrizes, determinantes, sistemas lineares.
  • Prof. Ruy Madsen Barbosa (FFCLA, SP), Antônio Espada Filho (FFCLA, SP)
  • Período: janeiro/1967
  • Ementa: Matemática aplicada às Ciências Humanas, conjuntos convexos, programação linear, diferenças finitas, somações, probabilidade.
  • Cursos de Aperfeiçoamento de Matemática para Professores Secundários I e II Ciclos
  • Curso de Matemática Aplicada

No dia 27/março/1967 tem início o curso de Licenciatura em Matemática que só seria reconhecido pelo MEC anos depois. O curso inicia com uma turma formada por apenas 6 alunos.

O relatório de atividades de 1967 também menciona a participação de dois professores e dois alunos no VI Colóquio Brasileiro de Matemática.

No dia 21 de agosto de 1968, às 11 h 45 min, sob a presidência do professor Kléber Cruz Marques, os professores Hélio Ferreira da Silva Guimarães, Hermano José da Silveira Farias, Yvon Luiz Barreto Rabelo, Sálvio Melo Viana, Ruy Barbosa Soares, José de Vasconcelos Costa, Ceciliano de Carvalho Vanderlei, José Maria de Araújo Dantas, Fernando Duarte de Souza e Francisco Xavier Sobrinho aprovaram a contratação do professor Eliel Amâncio de Mello como regente da disciplina Cálculo Diferencial e Integral II. Alguns meses depois, aos cinco dias do mês de fevereiro de 1969, às 8 horas, o professor Eliel seria eleito por unanimidade Chefe do Departamento de Matemática. Com um mandato de dois anos, o professor Eliel ficaria apenas um ano no cargo, renunciando à chefia aos 26 de fevereiro de 1970.

No final dos anos 60 a verificação do rendimento escolar era feito através de trabalhos escolares e exame final. A cada mês, a nota do trabalho escolar era uma média ponderada calculada pela fórmula

NTE = ((NTI) + 3(NPC))/4

onde NTE significava Nota de Trabalho EscolarNTI significava Nota de Trabalho Individual e NPC significava Nota Parcial de Conhecimento. A cada período letivo de 90 dias eram considerados três trabalhos escolares e uma recuperação.

A década de 70

A década de 70 se caracteriza pelo crescimento quantitativo do Departamento. Essa década iniciou com a contratatação de três novos professores, na época Bacharéis em Matemática: João Montenegro de Miranda, Miguel Raimundo da Silva Carmo e Paulo Brito Braz e Silva. A contratação dos três foi aprovada por unanimidade na reunião do colegiado departamental do dia 26 de fevereiro de 1970.

Na reunião extraordinária do dia 19 de outubro de 1970 foi aprovada por unanimidade a contratação de José Cleobaldo Chianca como Professor Titular. Ele era Bacharel em Matemática e Engenheiro Eletricista pela UFPE e Master of Arts pela University of California em Berkeley. Suas primeiras atividades foram na orientação de seminários sobre Teoria da Medida e Integração, Teoria dos Grupos e Funções de Variáveis Complexas. A presença do prof. Chianca foi importantíssima para o DM durante a década de 70. Ele chegou a elaborar vários textos didáticos e lecionar várias disciplinas das áreas de Álgebra, Análise e Geometria. Foi o primeiro professor do DM a lecionar disciplina a nível de pós-graduação (Geometria Diferencial para o curso de Mestrado em Física da UFPB).

Os Cursos de Férias têm sido uma presença constante na História do Departamento, geralmente ministrados nos meses de janeiro/fevereiro. Algumas vezes chamados Cursos de Verão, outras vezes de Período Letivo Complementar. Em 17 de novembro de 1970 foram aprovados os Cursos de Férias do verão de 1971. Foram três cursos: Mecânica Geral II (ministrado pelo prof. Kléber Cruz Marques), Cálculo Diferencial e Integral III (ministrado pelos prof. Hermano José Farias e Marcio Jório Veiga) e Cálculo Diferencial e Integral IV (ministrado pelos prof. Miguel Raimundo da Silva Carmo e Paulo Brito Braz e Silva).

No final de 1970 foi aprovado um currículo para um curso de Licenciatura em Matemática, a ser executado em um período de 4 anos, com carga horária total de 2700 horas (180 créditos):

  • 1o ANO: Cálculo Diferencial e Integral I (12 créditos), Física Geral I (12 créditos), Desenho Geométrico e Geometria Descritiva (6 creditos), Cálculo Vetorial (6 créditos), Fundamentos de Matemática Elementar I (6 créditos), Geometria Analítica (6 créditos).
  • 2o ANO: Cálculo Diferencial e Integral II (10 créditos), Mecânica Geral (10 créditos), Física Geral II (10 créditos), Calculo das Probabilidades e Estatística (5 créditos), Fundamentos de Matemática Elementar II (5 créditos), Álgebra I (5 créditos), Cálculo Numérico (5 créditos), Fundamentos de Matemática Elementar III (5 créditos), Álgebra II (5 créditos).
  • 3o ANO: Análise I (6 créditos), Topologia I (6 créditos), Álgebra III (6 créditos), Fundamentos de Matemática Elementar IV (6 créditos), Topologia II (6 créditos), Álgebra IV (6 créditos), Geometria Diferencial (6 creditos).
  • 4o ANO: Matérias pedagógicas (ministradas pela Faculdade de Educação) - 30 créditos.

Aos 29 de janeiro de 1971 foi constituída uma comissão formada pelos professores Kléber Cruz Marques, Eliel A. Melo e Miguel Raimundo S. Carmo. O objetivo dessa comissão era avaliar a admissão de novos integrantes do corpo docente do Departamento.

Em 11 de março de 1971 os professores Eliel A. Melo, Kléber C. Marques, Yvon Luiz Barreto, Miguel Raimundo da Silva, Paulo Brito B. Silva, João Montenegro de Miranda, Hermano José Farias, Ceciliano C. Vanderlei e José C. Chianca reuniram-se para aprovar a contratação dos professores Osmundo Alves de Lima e Jardemil Melo da Silva para o cargo de Auxiliar de Ensino. Na mesma reunião aprovou-se também a transferência de Luís Carlos Fernandes do Departamento Fundamental da Escola Politécnica da Universidade Federal da Paraíba (situada em Campina Grande). Dando prosseguimento ao crescimento quantitativo do corpo docente, quatro dias após essa reunião, o Departamento voltou a se reunir para homologar os nomes dos candidatos Clóvis de Oliveira, José Armando Costa da Silva, Josimar de Lima Viana e Ronaldo Luiz Menezes de Albuquerque, inscritos para o cargo de Auxiliar de Ensino.

Com o aumento na quantidade de professores, podia-se pensar na liberação de alguns para a realização de cursos de pós-graduação em outras universidades. Com isso, tornou-se necessário a elaboração de critérios que permitissem uma liberação ordenada de professores. Um dos primeiros critérios utilizados foi o de Critério de Antigüidade: leva-se em consideração os anos de trabalho na UFPB, disciplinas de pós-graduação cursadas anteriormente e o regime de trabalho. Segundo esse critério, os primeiros das listas para liberação para Mestrado eram 1) Eliel A. Mello; 2) Márcio J. Lemos; 3) Paulo Brito B. Silva; 4) João Montenegro; 5) Miguel Raimundo S. Carmo.

Em 20 de dezembro de 1971 aprovou-se uma reformulação na Licenciatura em Matemática. O ante-projeto elaborado por José C. Chianca e Eliel A. Mello alegava "a necessidade de adaptar o currículo do curso às atuais condições de funcionamento da universidade; a necessidade de oferecer ao estudante um numero maior de opções, quer permitindo um maior aprofundamento em disciplinas humanísticas e pedagógicas, quer dando a oportunidade de dedicação em maior grau as disciplinas matemáticas; as necessidades de reestruturacao decorrentes da Reforma Universitária." Nessa reforma surgiram disciplinas como "Introdução à Álgebra" e "Introdução à Análise", imposições como "Educação Fisica" e inutilidades como "Estudos de Problemas Brasileiros".

Data do início dos anos 70 o envolvimento de professores do DM com computadores (os "cérebros eletrônicos"). Naquela época, era bastante disseminado a linguagem de programação FORTRAN e os usuários do único computador (de grande porte) da UFPB utilizavam cartões perfurados nas execuções dos seus programas.

A criação do Bacharelado em Matemática

Na reunião do dia 17 de janeiro de 1972 o Conselho Departamental do Instituto Central de Matemática reuniu-se para aprovar a proposta de criação do Curso de Bacharel em Matemática. Uma vez aceita e aprovada, a proposta foi encaminhada ao Reitor. Depois de meses de tramitação legal, a criação do curso foi aprovada pelo Conselho Universitário no dia 17 de julho de 1972 e publicado no Boletim de Serviço no dia 15 de setembro de 1972. (Naquela época os papéis com o timbre da UFPB exibiam um carimbo: Sesquicentenário da Independência - Homenagem da UFPB).

A proposta aprovada constava de um curso de 166 créditos assim distribuídos: Ciclo Básico, 68 créditos; Ciclo Profissional, 58 créditos em disciplinas obrigatórias (que incluia "Estruturas Algébricas", "Álgebra Linear I", "Álgebra Linear II", entre outras) mais 40 créditos em disciplinas eletivas (que incluia "Introdução à Teoria da Medida", "Teoria dos Grupos", "Teoria dos Anéis", "Geometria Projetiva", "Lógica Matemática", "Elementos de FORTRAN", entre outras).

Na época da criação do Curso de Bacharel em Matemática o Departamento contava com 11 Bacharéis ou Licenciados em Matemática, 1 Mestre e 3 Engenheiros.

Em 10/março/1972 a comissão de julgamento dos candidatos inscritos no concurso de docência apresentou ao colegiado departamental os nomes de Jabes Francisco Andrade Silva, Nelson Nery de Oliveira Castro, Carlos Alberto Bandeira Braga e José Maria Cruz Andrade Filho. Desses, foi aprovada a contratação dos dois primeiros. O professor Carlos Alberto na época era Auxiliar de Ensino na Escola Politécnica de Campina Grande e na reunião do dia 30/maio/1972 ele já aparece como professor contratado do DM.

Em outubro de 1972, quando era chefe o prof. Benigno W. Barcia, uma comissão constituída pelos professores Luís Carlos Fernandes, Josimar Viana e José Armando C. Silva elaborarou um projeto intitulado "Auxílio para fixação de pessoal docente". Esse projeto foi apresentado à CAPES e ao Ministério do Planejamento, seu objetivo principal era a melhoria da qualificação do corpo docente. Inicialmente planejava-se um programa de aperfeicoamento e posteriormente pretendia-se atinjir um curso a nível de Mestrado. Para isso, pretendia-se contratar dois professores doutores.

No final de 1973 foram realizados vários concursos para Professor Adjunto e para Professor Titular. A banca examinadora costumava ser formada por um professor da UFPB, outro da UFPE e outro da UFRN. Nos dois primeiros desses concursos, em 1/novembro/1973, os professores José Jacinto de Araújo e Milton Ribeiro da Costa (área de Estatistica) e Júlio de Melo Teixeira e Hermano José da Silveira Farias (área de Matemática) foram aprovados como Professores Adjuntos.

No dia 3/novembro/1973, foi aprovado no concurso para Professor Titular o candidato Shin Shan You, da Universidade de Waterloo. É curioso notar que foi feita apenas uma prova de títulos na qual o candidato recebeu notas 9,0, 9,1 e 9,2 da banca examinadora e "devido à impraticabilidade de seu deslocamento do Canadá a esta cidade foi dispensado da prova didática." O candidato não teve interesse em comparecer à UFPB nem mesmo depois de aprovado no concurso.

O fim do Instituto Central de Matemática

Uma portaria do Reitor Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega com data de 29 de março de 1974 redistribuiu o pessoal docente dos três departamentos (Matematica, Estatística e Informática) do Instituto Central de Matemática. O novo departamento criado ficava subordinado ao recém-criado Centro de Ciências Exatas e da Natureza e passava a se chamar simplesmente Departamento de Matemática.

Aos 5 dias do mês de abril de 1974 o prof. Kléber Cruz Marques tomava posse, mais uma vez como Chefe do Departamento de Matemática. Dessa vez vinculado ao CCEN, uma vez que a Reforma Cêntrica havia criado o CCEN e decretado o fim dos vários institutos da UFPB. No início o CCEN era formado pelos departamentos de Matemática, Física, Química, Biologia, Geociências e Patologia.

O Departamento de Matemática do CCEN assim criado era composto de 29 professores:

  • Professores Titulares
    • Benigno Waller Barcia
    • César Sampaio Borges
    • Eliel Amâncio de Mello
    • Fernando Duarte de Souza
    • Fernando Melo do Nascimento
    • Francisco William Braga
    • Francisco Xavier Sobrinho
    • Hélio Ferreira da Silva Guimaraes
    • João Montenegro de Miranda
    • José Cleobaldo Chianca
    • Kléber Cruz Marques
    • Kotaro Tanaka
    • Márcio Jorio Veiga de Lemos
    • Maria Hosana Pessoa Borges
    • Paulo Brito Braz e Silva
    • Severino Ramos Pimentel
  • Professor Adjunto
  • José Maria de Araújo Dantas
  • Hermano José da Silveira Farias
  • José Jacinto de Araújo
  • Carlos Alberto Bandeira Braga
  • Ceciliano de Carvalho Vanderlei
  • Jabes Francisco Andrade Silva
  • Jardemil Melo da Silva
  • Josimar de Lima Viana
  • Luís Carlos Fernandes
  • Luiz Lineu Matos da Costa
  • Nelson Nery de Oliveira Castro
  • Osmundo Alves de Lima
  • Ruy Barbosa de Araújo
  • Professores Assistentes
  • Auxiliares de Ensino

Com a criação do CCEN foi indicado o prof. Hermano José da Silveira Farias para Coordenador do Curso de Matemática.

Em fevereiro de 1976 o professor José Cleobaldo Chianca passa a ser chefe do DM e contrata 6 novos professores: Raimundo N. L. Rabelo, Hélio P. Almeida, Inaldo B. Albuquerque, José Valdek, Elizabeth O. Valdek e Marivaldo P. Matos.

O verão de 77 e o final da década de 70

O verão de 1977 no DM contou com a presença do prof. Adilson Gonçalves no Seminário de Álgebra promovido pelo Departamento. Fizeram parte desse seminário os professores João Bosco Nogueira, Gutemberg Caparroz Penteado e Osvaldo Milaré Favareto. Os assuntos abordados foram: Teorema Z(J) de Glauberman, Teorema de Frobenius, Teorema de Caracterização de solubilidade por P. Hall, p-separabilidade e p-solubilidade, existência de subgrupos de Hall e o Teorema de A. Goncalves - Chat Yn Ho.

O final da década de 70 foi um período tumultuado para o DM. O crescimento quantitativo atinge seu ponto máximo no final dessa década.

Ficaram registrados nas atas das reuniões vários desentedimentos entre professores e alunos. Em um dos relatos, menciona-se que uma professora no primeiro dia de aula havia chamado a turma de "bagaceira", o que gerou protestos indignados por parte dos alunos. Em outra ocasião, na hora de uma prova, a turma inteira entregou a prova em branco e saiu da sala logo no início, deixando a professora sozinha. Ficou registrado também um desentendimento entre duas professoras, cada uma acusando a outra de plagiar trabalhos dos outros.

Um fato que deu o que falar foi a retirada não autorizada de um livro de atas da secretaria do DM. Esse fato deu origem a um inquérito administrativo no qual todos os funcionários e vários professores tiveram que dar seus depoimentos. No final, o livro foi devolvido à secretaria aparentemente intacto.

No final dos anos 70 o departamento havia crescido de forma tão desordenada que estava sendo difícil administrá-lo. Por isso, foi eleita em 19/agosto/1979 uma Câmara Departamental. Essa câmara era constituída de seis professores: Hélio F. Guimarães, Abdoral S. Oliveira, João Montenegro de Miranda, Maria Teresa M. S. Rego, César S. Borges e Jardemil M. da Silva. Suas decisões tinham o mesmo efeito que as decisões de todo o colegiado departamental e durou cerca de oito meses.

A voz do atraso

No dia 9 de janeiro de 1981 foi julgado o pedido de afastamento para doutoramento do professor Jonas de Miranda Gomes. Sua competência era indiscutível. Em meados dos anos 70, quando ele concluiu o Bacharelado em Matemática na UFPB, ele obteve um CRE (média geral) final igual a 9,7 -- um número que jamais foi superado.

Inicialmente, o pedido de afastamento estava no final da pauta da reunião. Por sugestão do prof. José C. Chianca, inverteu-se a ordem da pauta e ele foi julgado no início.

Alguns professores achavam que "deveria ser obedecido os critérios aprovados e adotados pelo Departamento" e que, por isso, o prof. Jonas não deveria ser liberado. Os professores da área de Informática se ofereceram para ajudar na área de Matemática, se isso pudesse contribuir com a liberação.

Depois de amplos debates, o pedido de afastamento do prof. Jonas foi julgado com 16 votos favoráveis e 12 abstenções. Mas, a liberação ficou condicionada à contratação de mais um professor para o DM.

No final, o prof. Jonas pediu demissão da UFPB e foi cursar seu doutorado no Rio de Janeiro, obtendo sucesso no seu curso, obviamente.

Esse episódio lamentável da saída do prof. Jonas ilustra bem o quanto era pobre a mentalidade de algumas pessoas que compunham o DM no início da década de 80. A voz do atraso falou mais alto. Gostaria de acreditar que hoje em dia um episódio desse tipo teria desfecho bem diferente.

Os concursos para professores

Os primeiros concursos públicos para professores, segundo o modelo atual, aconteceram no início dos anos 80.

O que havia na década de 70 e que era chamado de "concurso", era um simples exame de currículos ou de trabalhos apresentados pelos candidatos de forma escrita ou oral. Destacamos aqui o concurso com 10 vagas para professor assistente de 12/janeiro/1978 no qual participaram os seguintes professores: (4) Abdoral S. Oliveira, (12) Ana Lúcia J. Penteado, (11) Arlindo G. Alvarenga, (8) Carlos Alberto B. Braga, (10) Edison C. Farias, (13) Gutemberg C. Penteado, (7) José Armando C. Silva, (9) José Valdek, (2) Josimar L. Viana, (5) Luís Carlos Fernandes, (6) Maria Sylvia C. C. Favareto, (3) Nelson N. O. Castro, (1) Osmundo A. Lima, (11) Osvaldo M. Favareto. Os números entre parênteses indicam a classificação obtida.

Em 18/dezembro/1981, um concurso para Professor Auxiliar classifica (1) Marcus Vinicius de Medeiros Wanderley e (2) Gilmar Otávio Correia. Foram inscritos 7 candidatos, mas somente 3 compareceram. Esse foi o primeiro concurso com análise de currículo, prova escrita e prova oral baseadas em um tema sorteado. O tema da prova escrita, para todos os candidatos, foi o Teorema de Tychonov.

Um outro concurso para Professor Auxiliar, em 20/dezembro/1983, classifica (1) João Marcos Bezerra do Ó e (2) Lenimar Nunes de Andrade. Compareceram às provas 12 candidatos de um total de 26 candidatos inscritos. Apesar de não ter participado da classificação final, a maior nota na prova escrita desse concurso foi da candidata Valdenilza Ferreira da Silva. Coincidentemente, o tema da prova escrita também foi sobre o Teorema de Tychonov.

No concurso do dia 8/maio/1985 foram classificados (1) José Vicente Moreira, (2) Aldo Bezerra Maciel, (3) Antônio de Andrade e Silva e (4) Valdenilza Ferreira da Silva. Compareceram às provas 11 candidatos de um total de 13 inscritos.

A separação das áreas de Estatística e Informática

Em 1981, o DM chegou a ter o impressionante número de 77 docentes: 46 de Matemática e 31 nas áreas de Estatística, Informática e Pesquisa Operacional. Com isso, ficava difícil a definição de afastamento de docentes para fins de aperfeiçoamento e as atividades de planejamento, organização, direção e controle. O número de professores por departamento que era considerado ideal era de 30 professores.

Em agosto/1982 foi criado o Departamento de Estatística e Informática (DEI) com os professores das áreas de Estatística e de Informática do DM, com o professor Ronaldo Luiz Menezes de Albuquerque na chefia. Anos depois, o DEI seria dividido em dois outros departamentos.

Os primeiros doutores do DM

Apesar de ter contado temporariamente com alguns poucos doutores nos anos 70, podemos dizer que os primeiros doutores surgiram mesmo no ano de 1983.

No início do ano, o prof. Josimar de Lima Viana concluiu seu doutorado na Universidade de Brasília. A partir daí, ele iniciou na UFPB uma carreira política bem sucedida sob o ponto de vista pessoal. Ele ocupou vários cargos na reitoria, inclusive a Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários. Por volta de 1987, quando ele era Pró-Reitor, estudantes ligados ao DCE retiveram-no indevidamente na reitoria por algumas horas e esse fato teve grande repercussão, com direito a aparição no Jornal Nacional da Rede Globo e a reportagem de meia página na revista Veja. Em novembro/1988 ele foi eleito Diretor do CCEN e posteriormente, em 1992, chega a ser candidato no início da campanha para Reitor.

No segundo semestre de 1983, o prof. Eliel Amâncio de Mello concluiu na UFRJ seu doutorado. Assim, o DM contava com dois doutores, um avanço para a época.

Idéias que foram esquecidas

Nas suas décadas de existência, muitas idéias que surgiram no DM caíram no esquecimento. Algumas eram idéias extravagantes, outras inócuas, apesar de bem intencionadas.

Entre as idéias extravagantes podemos citar a de gravar as reuniões, para depois escrever as atas com mais precisão. Essa idéia nunca foi posta em prática em razão de não se ter conseguido um gravador disponível no CCEN.

Mas, a "extravagância mais extravagante" foi quando (nos anos 70) alguém teve a infeliz idéia de marcar o horário das provas de todas as turmas de Cálculo para os sábados à noite.

Entre as idéias inócuas destacamos uma de 1984: cada prova das disciplinas básicas teriam dois professores em cada sala. Essa distribuição de professores obedeceria a uma escaladefinida a cada prova. Em poucos meses essa idéia foi boicotada por alguns professores e caiu no esquecimento.

As comissões que participavam da administração do DM

Em 1986, uma comissão formada pelos professores Eliel A. Mello, Antônio Sales da Silva, Aldo B. Maciel e José G. Assis sugeriu a criação de "quatro comissões permanentes para planejar, dinamizar e supervisionar a execução das diversas atividades departamentais".

O colegiado do DM aprovou a criação dessas comissões e elas participaram de modo significativo na admistração do DM no final da década de 80. Essas comissões eram:

  • Comissão de Ensino de Graduação
  • Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação
  • Comissão de Literatura Matemática
  • Comissão de Extensão

O primeiro laboratório de microcomputadores do DM

Em fevereiro/1989 chegam os primeiros 3 microcomputadores ao DM e assim é inaugurado o laboratório de computadores que no início teve o pretensioso nome de "Laboratório de Computação Científica". Chegaram 3 XTs de 4,7 MHz de clock, sem disco rígido e com memória RAM de 640 Kbytes, um espanto para a época. Com eles podia-se digitar texto com o MS Word ou com o Chi-Writer, executar programas como o Derive ou o Eureka da Borland e executar pequenos programas elaborados em linguagem BASIC por alguns dos poucos usuários do laboratório. Os novos e entusiasmados usuários geralmente ficavam impressionados com os gráficos de funções de uma ou duas variáveis construídas pelos "velozes" computadores.

Nessa época, o prof. Lenimar N. Andrade ministrou um minicurso de 10 horas com notas de aula intituladas "Introdução ao BASIC e ao MS-DOS", destinado a professores do DM.

Em 1989, fez-se mais uma tentativa do DM ministrar curso de pós-graduação. Nessa época, deu-se início a um curso de Especialização em Análise, com poucos alunos e cursos deTopologia Geral com o prof. Eliel A. Mello e Medida e Integração com o prof. Abdoral O. Souza, entre outros.

O correio eletrônico chega ao DM

Em outubro/1990 foi instalado um terminal do computador central da UFPB e, através dele, foi possível o uso do correio eletrônico. Nossos endereços eletrônicos naquela época eram do tipo CCENDM03@BRUFPB> ou parecidos.

Quase todas as universidades brasileiras estavam conectadas pela rede Bitnet. Através da USP, era possível enviar/receber mensagens para o exterior e, através de um portal na Princeton University, podia-se enviar/receber mensagens para a rede Internet.

Na Bitnet podia-se participar de listas de discussão e, através delas, entrar em contato com um novo mundo de informações, com usuários do mundo inteiro.

Podia-se também enviar/receber arquivos (programas executáveis) pela Bitnet, desde que fossem devidamente codificados em modo texto. ( Essa codificação ainda é largamente utilizada hoje em dia na Internet, mas os usuários não tomam conhecimento dela pois os programas a fazem automaticamente. )

Em 1991/1992 o prof. Lenimar N. Andrade ministrou um curso de 4 meses da linguagem de programação Pascal ( amplamente utilizada hoje em dia sob o nome de Delphi). O curso era destinado a professores do DM e destinava-se a explorar recursos básicos de programação com ênfase na resolução de problemas matemáticos.

Nessa época, o prof. Lenimar concluiu a segunda versão de um programa intitulado Álgebra Linear Computacional, cuja versão em inglês ganhou o mundo inteiro pela Bitnet e, apesar de bastante ultrapassado, ainda hoje pode ser encontrado em diversos depósitos de programas mundo afora com nome CLA20.ZIP. Foi através desse programa que um pesquisador russo, em 1993, tomou conhecimento do DM e enviou uma mensagem com seu imenso currículo, querendo vir trabalhar por aqui. A mensagem desse russo mostrava, efetivamente, que o DM estava definitivamente conectado com o resto do mundo.

As mortes de vários professores

No início da década de 90 morreram vários professores e ex-professores do DM.

Em 1990, aos 64 anos de idade, morreu o prof. Kléber Cruz Marques.

Em 1992, morreu aos 75 anos o prof. Francisco Xavier Sobrinho. "Estou indo... a estrada é longa. Transmita aos amigos, colegas, familiares e ao povo de Areia as minhas cordiais saudações. Às pessoas que cuidaram de mim, muito obrigado", foi uma de suas derradeiras mensagens.

Em 1994 morreu o prof. Edson Severiano e em 1995 morreu o prof. José Cleobaldo Chianca.

A morte do prof. Chianca foi bastante noticiada na imprensa local, inclusive nos telejornais. Ao contrário do que acontecia no início dos anos 70, ele não mais lecionava disciplinas como Álgebra, Topologia, Análise etc. Confidenciou-me uma vez que não tinha mais ânimo para lecionar esse tipo de disciplina pois "as turmas não tinham mais alunos como Jonas, Inaldo, Marivaldo, Abdoral." Nos seus últimos anos esteve envolvido com projetos voltados para a melhoria do Ensino da Matemática. Chegou a ser candidato a vice-reitor no final dos anos 80.

Conectados à Internet

Em maio/1996 entra no ar o domínio MAT.UFPB.BR e, dessa forma, o DM passa a fazer parte da Grande Rede Mundial de Computadores, a Internet. Merece destaque aqui o trabalho, dedicação e autodidatismo do prof. Sérgio A. Souza, que muito contribuiu para o que o DM seja o que o DM é hoje: um dos sítios mais visitados da UFPB. Incontáveis visitantes virtuais, de todas as partes do mundo, têm nos visitado nos últimos anos.

Basicamente, são dois os motivos principais que atraem a atenção dos visitantes às páginas do DM:

  • O depósito com mais de 2 gigabytes de arquivos que temos hospedado desde 1996, com programas e textos selecionados. Esse deposito está acessível via FTP.
  • Provas do concurso vestibular (desde 1965) e dos PSS 2000 e 2001 da UFPB que temos hospedado desde maio/1998, acessíveis via HTTP. Essas provas atraem a atenção de pelo menos 2.000 visitantes por mês, que transferem atualmente mais de 12.000 arquivos do DM para o mundo exterior a cada mês.

O sucesso da pós-graduação

 
   
 
 

Além de um plano de capacitação docente bastante ambicioso, o DM, procurando se consolidar como um departamento de porte médio a nível de pesquisa, criou em 1994 o seu Mestrado. A comissão constituída pela Chefia para elaborar o ante-projeto era formada pelos professores Aldo Bezerra Maciel, Josimar de Lima Viana e João Bosco Nogueira. A proposta dessa comissão foi aprovada por unanimidade pelos conselhos do DM, do CCEN e pelo CONSUNI (no dia 20/dezembro/1993).

Contrariando previsões pessimistas de "intelectuais muito sérios", no meio da pobreza generalizada, temos mantido um programa de pós-graduação que tem sido um sucesso. Em 7 anos de funcionamento, o DM formou mais de 30 mestres nas áreas de Análise, Álgebra, Geometria e Matemática Aplicada. Antigamente, alunos da UFPB iam cursar Mestrado em centros maiores vizinhos. Hoje, o fluxo de alunos tende a se inverter: alunos desses centros é que estão vindo cursar Mestrado aqui.

Agora, neste início de século XXI, estamos prestes a iniciar o curso de Doutorado em Matemática, algo que não podia nem ao menos ser sonhado pelos primeiros professores do DM.

Epílogo

Durante suas quatro décadas de existência o DM foi bastante feliz com relação ao número de bons professores. Seja qual fosse o critério utilizado para se definir um "bom professor", o DM teria sempre número significativo deles. Foram pessoas que superando dificuldades, às vezes imensas, chegaram muito além do que se poderia imaginar. Alguns professores poderiam ser classificados, sem dúvida, como excelentes e qualquer instituição de ensino se orgulharia em tê-los nos seus quadros.

A História do Departamento de Matemática vinha sendo prometida de tempos em tempos. Promessas foram feitas mas não se sabe por qual motivo não foram cumpridas. Talvez tenha sido porque a elaboração desse tipo de texto exige dedicação e um árduo e demorado trabalho de pesquisa. Mas, finalmente, eis os fragmentos da História que tivemos o prazer de narrar.

Durante todo o mês do aniversário do DM uma página comemorativa esteve no ar. Os fogos de artifício virtuais que brilharam ao longo de todo o mês de agosto/2001, a gravação de um CD comemorativo com os textos e imagens destas páginas e uma breve nota no boletim informativo do CCEN foram os únicos registros da passagem desse aniversário.

A organização deste texto é da responsabilidade do prof. Lenimar Nunes de Andrade que não foi verdadeiramente neutro na seleção dos temas, nem na elaboração dos textos. Todos os fatos aqui mencionados foram baseados na documentação dos arquivos do Departamento de Matemática e de arquivos pessoais.

Jubileu de Ouro

No dia 14/08/2011 o Departamento de Matemática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) completou 50 anos, mas só foi comemorado no dia 30/09/2011 e foi marcado com entrega de placas comemorativas aos professores fundadores Nelson de Oliveira Castro - o mais antigo, Abdoral de Sousa Oliveira - o primeiro bacharel em Matemática e Aldo Beserra Maciel - como o primeiro da Pós-Graduação. A solenidade aconteceu no Auditório do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), no Campus de João Pessoa.

O dia seguiu com palestras do professores Luis Adauto Medeiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Orlando Stanley Juriaans da Universidade de São Paulo e Aldo Beserra Maciel da Universidade Estadual da Paraíba. À tarde, a programação em comemoração ao Jubileu de Ouro, reiniciou às 15h30, com os ex-alunos do Departamento de Matemática, os professores Pablo Braz e Silva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Jorge Hebert de Lira da Universidade Federal do Ceará (UFC). A Programação foi encerrada às 17h, com coquetel.

Ao falar para uma platéia de ex-colegas de curso, professores, alunos, funcionários, entre outros convidados, o professor Fagner Dias disse que “Foi graças ao curso de Matemática que me encontro onde estou. Agradeço a Deus por estar como chefe no dia em que o Departamento completa 50 anos” ressaltou. 

O professor Fagner Dias falou de sua trajetória profissional desde o momento que começou a freqüentar o curso de Matemática. Ele citou todos os professores do departamento que foram importantes nas conquistas que foram obtidas ate hoje.
“Aqui, aprendi, com meus mestres além do conhecimento que está na base de minha formação como docente, a cultivar valores dedicados ao ensino das matérias, mas sobretudo com os meus valores morais” finalizou
 
Em seguida, o Diretor do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, professor Antonio José Creão, lembrou a força que representa do Departamento de Matemática para a UFPB. “Não podemos comparar a nossa universidade com as dos Estados Unidos, por exemplo, e sim conosco mesmo. A UFPB foi criada em 1955 e federalizada em 1960 e o Departamento de Matemática que hoje completa 50 anos faz parte da história da instituição”, enfatizou
 
Para Creão, a entrada de novos professores na instituição e principalmente no Departamento de Matemática vai fazer, com os que já estão no batente, a valorização  através do ensino, pesquisa e a extensão que é a base de qualquer universidade pública.
 
A solenidade do Jubileu de Ouro do Departamento de Matemática contou com a presença dos professores Fagner Dias Araruna, Chefe do Departamento de Matemática; Antonio José Creão Duarte, Diretor do Centro de Ciências Exatas e da Natureza; João Marcos Bezerra do Ó,  Coordenador do Doutorado e do Profmat; Daniel Pellegrino, Coordenador do Mestrado Acadêmico;  Eduardo Gonçalves dos Santos, Coordenador da Graduação; José Gomes de Assis, Coordenador da Graduação Virtual e Carlos Alberto representando os aposentados do Departamento de Matemática, alem de estudantes e servidores do Centro de Ciências Exatas e da Natureza.

A entrega de placas comemorativas e palestras aconteceram no auditório do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Campus de João Pessoa

Fotos Jubileu de Ouro